segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Cadeirante enfrenta dificuldade em novo trem do metrô



André tem problemas para entrar no vagão do novo trem do metrô por causa de desnível acentuado
Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo

André tem problemas para entrar no vagão do novo trem do metrô por causa de desnível acentuado Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo
RIO — Em março deste ano, André Melo de Souza surfou a famosa onda formada pela pororoca, no Rio Mearim, no Maranhão. Praticante do surfe adaptado, Andrezinho Carioca, como é conhecido no esporte, é cadeirante e não teve dificuldade tanto em vencer a força da água quanto em se deslocar numa cidade como a pequena Arari. Mas, ontem, no Rio, durante um teste proposto pelo GLOBO, a dificuldade apareceu: para conseguir entrar num vagão do novo trem do metrô, André precisou de habilidade extra. O problema: um desnível de cerca de dez centímetros entre a composição e as plataformas das estações.

— Essa diferença de espaço, para quem não tem a mobilidade que eu tenho, é muito considerável. Para entrar, precisei dar impulso e empinar a cadeira. A maior parte do segmento de pessoas que vivem em cadeira de rodas não faz isso. Creio que 90% dos cadeirantes não conseguiriam entrar no vagão sozinhos — afirma o atleta que, em algumas estações, como a de São Cristóvão, enfrentou também a distância excessiva entre a plataforma e o trem.
Em agosto de 2000, André andava de moto quando sofreu um acidente e teve uma lesão medular. O interesse que tinha por esporte continuou depois disso. Já na cadeira de rodas, jogou handebol, basquete e fez parte da seleção brasileira de remo antes de ingressar no surfe. Sua capacidade de mover-se é, por isso, maior do que a da grande maioria dos cadeirantes. Durante a viagem de metrô com André, outros passageiros comentaram que, inclusive, a diferença de altura será prejudicial para todas as pessoas com alguma dificuldade de mobilidade, como deficientes, idosos e gestantes.
André viajou com uma equipe do GLOBO, no fim da manhã de ontem. Ele pegou o metrô na estação Del Castilho e foi até a do Estácio. Em todas as outras paradas do trajeto — Maria da Graça, Triagem, Maracanã e São Cristóvão — foi constatada a mesma diferença de altura entre a composição e a plataforma. Na estação de São Cristóvão, especialmente, a distância também era mais acentuada do que nas outras. André lembra que o problema vai tirar a independência de muitos deficientes:
— Apesar de ser atleta e ter agilidade com a cadeira, eu mesmo, às vezes, preciso da ajuda de alguém para entrar no metrô, especialmente quando está mais cheio. O acesso de cadeirantes nos transportes públicos é sempre muito difícil. No trem, por exemplo, a distância ainda é maior do que aqui. Por isso, ter mais um novo problema, este desnível, só dificulta um processo que já é muito complicado. A habilidade que eu tenho não é a realidade de todos.

Fonte:  http://oglobo.globo.com/rio/cadeirante-enfrenta-dificuldade-em-novo-trem-do-metro-5902273#ixzz24lV60pio

Um comentário:

  1. Não dá pra gente ficar calado quando fingem que fazem alguma coisa boa para nossa sociedade. Não adianta ter metrô novo bonito se não é funcional. Dessa forma é melhor continuarmos com o velho mesmo.
    Sem falar que agora cabem mais pessoas... Infelizmente para isso o metrô reduziu o numero de passageiros sentados e aumentou o de passageiros que viajam em pé! Só podem estar achando que a gente é trouxa. O que eles tem que fazer é aumentar a quantidade de vagões para que os usuários possam viajar acomodados com segurança e dignidade.
    Da forma como está acontecendo o Metrô Rio continuará pedindo em seus autofalantes para que sejamos compreensivos e viajemos com as mochilas na parte da rente para não incomodar os demais passageiros e continuaremos todos nos sentindo como se estivéssemos em uma lata de sardinha.

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